INDIGNIDADE




Por Paulo Müzell - fevereiro de 2019   

O país marcha para o caos. Depois de um janeiro catastrófico – que superou as mais pessimistas expectativas -, iniciamos o mês de fevereiro com um “pacote de maldades”, que superam o absurdo, beiram o insuportável. Vivemos na indignidade.
Num país em que os salários são miseráveis, que tem uma casta dominante que ataca e retira as mínimas garantias e direitos dos trabalhadores, o novo governo anuncia o seu “pacote previdenciário”. A idade mínima para se aposentar será de 65 anos com de um tempo mínimo de contribuição de 40 anos. A justificativa é a urgente necessidade de reduzir um suposto déficit previdenciário que na verdade decorre do declínio da receita, consequência do aumento do desemprego e da informalidade combinado com o absurdo montante de renúncias fiscais e a apropriação indébita dos patrões. Prejuízo total: 86 bilhões de reais no ano passado. Mas o detalhe satânico, a mesquinharia, a indignidade é a proposta que reduz para 750 reais o auxílio pago aos deficientes físicos e os velhos pobres com mais de 65 anos que hoje é de um salário mínimo (mil reais)!! Tudo isso ocorre num país em que os três maiores bancos privados – Santander, Itaú e Bradesco – divulgaram o lucro auferido em 2018: 60 bilhões de reais! Se não bastasse este cenário de horror, as coisas vão ainda piorar: teremos a seguir privatização da previdência que no Chile fracassou totalmente: o “mercado” engoliu os recursos e milhões de trabalhadores ficaram na miséria.

Enquanto Guedes ataca por um flanco, Sérgio Moro investe por outro, dando passos importantes para consolidar um estado fascista e policialesco. Fim da presunção de inocência, prisão após condenação em segunda instância, alterações no regime prisional, para pior, é claro. Num país que tem uma das polícias que mais mata no mundo, Moro abre as portas para o extermínio dos pobres da periferia: o policial poderá matar o suspeito antes de ser ameaçado: a impunidade passa a ser amparada na lei. O pretenso objetivo seria reduzir a corrupção e a criminalidade. Enquanto isso, ao ser inquerido sobre as denúncias de um sem número de “mal feitos” de Onix Lorenzoni, de Flávio Bolsonaro, dentre muitas outras figuras suspeitas - colegas seus de governo – Moro não cansa de repetir o “nada a declarar”.

Segunda feira, dia 4, segunda feira passada estarrecidos ficamos sabendo que, devolvido pelo Supremo à primeira instância no Rio o processo que investiga a dupla Queiroz-Flávio, que fora feita a substituição do promotor encarregado do processo. Acontece que Claudio Celo, o novo indicado tem se manifestado nas redes sociais como simpatizante e admirador do clã Bolsonaro. Ele teria afirmado, se referindo às denúncias do COAF, que elas não configuram infração grave poderiam ser apenas “deslizes de pequena monta”. O fato é gravíssimo, desnuda a parcialidade do órgão encarregado de apurar ilícitos, que cede às pressões, numa clara submissão aos interesses do poder Executivo.

Imagem: Trabalho de Hieronymus Bosch

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