A PETROBRAS E AS AVES DE RAPINA




Por Paulo Müzell, março de 2019

Depois do PT a Petrobras é o alvo preferido das investidas da operação conjunta Lava Jato-grande imprensa. No PT a figura mítica de Lula é diária e furiosamente atacada. Teimosamente, o ex-presidente resiste à perseguição constante, mantendo sua boa imagem na opinião publica.

A Petrobras tem uma história mais antiga: a atrasada e entreguista oligarquia brasileira tentou desde lá nos anos cinquenta impedir sua fundação. Getúlio Vargas deu um nome a essas personagens sinistras: “aves de rapina”, liderados à época por Carlos Lacerda, conhecido como o “Corvo”, político da UDN partido que mais tarde virou ARENA, depois PDS, DEM, PFL, PSDB apoiado pela quase totalidade dos quadros do MDB.

Apesar dos constantes ataques a estatal cresceu, tornou-se a maior empresa da América Latina e uma das maiores do mundo. Ela tem extrema importância para o desenvolvimento da tecnologia de ponta do país, assim como a Embraer, recentemente entregue à Boeing pelos governos Temer e Bolsonaro. De retrocesso em retrocesso as aves de rapina vão entregando o patrimônio e destruindo os símbolos da afirmação nacional.

A velha, atrasada e entreguista oligarquia brasileira na verdade nunca desistiu. Ressurgiu com força no governo neoliberal de FHC, que em 1997 desferiu um duro golpe ao decretar o fim do monopólio estatal do petróleo. Uma primeira porta foi aberta. É bom lembrar que o Chefe da Casa Civil de Fernando Henrique era o atual presidente da empresa, Pedro Parente. Ele teve papel destacado na venda das empresas públicas brasileiras. O escândalo e o desastre das privatizações de FHC-Serra-Pedro Parente estão documentados nas obras de Aloisio Biondi (“O Brasil privatizado”) e de Amaury Ribeiro Jr. (“A privataria tucana”). Leitura ou releitura oportuna.

Consumado o golpe parlamentar-midiático-judiciário que afastou Dilma e destruiu a já frágil democracia brasileira, Serra conseguiu aprovar no Senado o projeto de Lei 131 que tirou da Petrobras prerrogativas importantes no processo de exploração do pré-sal. Outro golpe desferido num momento difícil para a empresa – petróleo com baixa cotação, prejuízo em 2015 – foram as denúncias de desvios da Lava Jato. Serra foi cirúrgico: escolheu o momento certo para dar o bote. Moro, o Ministério Público e a Polícia Federal paranaense prosseguiram o seu trabalho dando ampla divulgação aos indícios e denúncias de desvios, o que contribuiu para uma drástica queda da cotação das ações da empresa aqui e no exterior. Moro & Cia foram além: fizeram acordo ilegais nos EEUU, lesivos ao interesse nacional que garantiram aos investidores estrangeiros pesadas indenizações a serem pagas pela nossa estatal. E agora Dallagnol e sua turma estão tentando criar uma fundação privada, com recursos públicos, da Petrobras, no valor de 2,5 bilhões, a ser gerida pelo Ministério Público do Paraná com a finalidade de dar suporte a ações de “combate à corrupção”. Um absurdo, tentam parir um monstrengo jurídico-administrativo, totalmente ilegal, mais uma prova do atrevimento e da ambição dos integrantes da “República do Paraná”.

A mídia tem cumprido fielmente seu papel dando enorme destaque às denúncias contra a empresa. O Estadão e o Globo colocaram em manchetes: “ Petrobras é o segundo maior caso de corrupção do planeta”; o montante desviado é estimado pela Polícia Federal em 10 bilhões de reais. Mentira grosseira! Ora, na lavagem de dinheiro no episódio Banestado só para os Estados Unidos foram enviados ilegalmente valor próximo dos 20 bilhões de dólares. Num país que se estima sejam sonegados anualmente cerca de 500 bilhões de impostos, a operação Zelotes apurou um “desvio” estimado em quase 20 bilhões de reais, apenas a “ponta” de um enorme iceberg. O escândalo do Banestado foi abafado pelo governo FHC e a operação Zelotes “esfriada” porque atinge grandes empresas de comunicação como a Globo e a RBS. Como não convém divulgar e também não é possível ignorar totalmente, as notícias aparecem apenas em notas de rodapé.

Como era de se esperar, a mídia vendeu a falsa ideia que a corrupção ­é uma “novidade” introduzida pelos governos petistas. Pouca gente sabe – porque não há interesse em bem informar - que a operação “Sangue Negro” constatou em 1997, ­­­primeiro período do governo FHC, que a empresa SBM efetuou pagamento de propinas a dirigentes da Petrobras, fato admitido por Julio Farman, presidente da empresa holandesa no Brasil.

A mídia entreguista – no passado comandada pelos Diários Associados de Chateaubriand, hoje pela Globo dos Marinhos - invariavelmente critica a entrega de cargos importantes e de direção a políticos, como se esta prática tivesse sido introduzida pelos governos petistas. Destacam com grandes manchetes o grande prejuízo que a Petrobras teve em 2015, “esquecendo” a causa verdadeira: a brutal queda nas cotações do petróleo acentuada a partir de 2014, que se prolongou até o início de 2016: a cotação do barril que no “pico” superara os 110 caiu abaixo dos 40 dólares. Os pesados investimentos na exploração do pré-sal consumiram bilhões de dólares, fato que aumentou significativamente a sua dívida. Na verdade, a produção da empresa não parou de crescer expressivamente na última década, especialmente no pré-sal que já responde por 40% da produção total. Omitem fatos importantes da biografia de Pedro Parente que tem nas suas costas duas ações por improbidade administrativa tramitando na 20ª e 21ª Varas da Justiça Federal em Brasília.

Prossegue a campanha de sistemáticos ataques à Petrobras com a clara finalidade de desgastar sua imagem. Tentam justificar e tornar viável uma futura e próxima tentativa de privatização. As vorazes “aves de rapina” atacam novamente.


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